Durante o IV Colóquio do NEER, ocorrido na
semana passada em Santa Maria/RS, tive a oportunidade de aprender um pouco mais
sobre o Timor Leste, conversando com o Gabino Moraes. Além de ter ministrado aulas por dois anos na Universidade Timor Lorosa'e em Díli, ele também desenvolve sua
pesquisa de doutoramento sobre este país.
Em Timor, um dos países mais jovens do mundo, a organização social tradicional assentava-se na linguagem. No total, a antiga colônia portuguesa tem cerca de 30 línguas e dialetos. A língua falada pela grande maioria da população é o tetun. Entretanto, em 2002 o Timor optou pelo português como idioma oficial, passando a fazer parte da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa). Contudo, menos de 10% de sua população fala o português, pois durante a ocupação indonésia as bibliotecas portuguesas foram destruídas e os cidadãos proibidos de falar o português. Assim, os timorenses estão tendo que aprender a língua oficial do país. Questionei ao Gabino porque não o inglês? Ele esclareceu-me que, sim, poderia ser o inglês. Porém os timorenses têm Portugal como uma referência identitária. Assim, o Timor encontra-se com a sua identidade em construção. É um pais oriental, com um modo de governança ocidental em implementação.
O Timor se configura como uma metade de
ilha transcontinental, entre a Oceania e a Ásia, no Arquipélago Malaio. O território ficou sob dominação portuguesa
até 1975. Logo após foi ocupado pela Indonésia, tornando-se independente
somente em 1999. A partir deste momento, Timor Leste, viu aparecer em seu
território uma série de atores internacionais com diferentes projetos de Estado
e de nação. Nesse processo de transição as tradições arcaicas do território
se misturaram às marcas dos processos de
dominação. Considerado um país jovem, tem
metade de sua população com menos de 15 anos e uma média de 8,3 filhos por
mulher. Estima-se que a sua população deva aumentar 1/3 até 2015.
A cidade de Díli, capital do país, é o único
elo de comunicação marítima com o exterior, através do seu porto. Sem indústrias,
o país depende do exterior para o abastecimento de bens de consumo correntes. As feiras
livres são ainda as principais formas de trabalho dos timorenses.
Em relação as alianças entre grupos, estas
eram feitas com o contrato matrimonial denominado barlaki. No passado, os noivos eram designados pelos pais ainda no
ventre materno. Tradicionalmente, a escolha do parceiro não era uma decisão de
caráter individual, mas familiar, comunitária, e realizada segundo a tradição e
a classe social dos indivíduos. Embora hoje os jovens possam escolher seus parceiros,
a negociação do barlaki é uma parte
fundamental para a realização do casamento.
Estamos diante de sociedades estruturadas
por lógicas diferentes que possuem uma relação particular com a exterioridade
(a tradição, a natureza e os deuses) que determina as regras sociais e as torna
suficientemente “fortes” para que articulem
o conjunto de sociedade, não precisando necessariamente de outros tipos
de regulação.
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