O Maçambique de Osório/RS é um grupo de religião afro-católica. A fé dos negros maçambiqueiros está diretamente ligada aos
rituais da matriz afro-brasileira do Maçambique, cuja dimensão religiosa é
expressa por meio de devoções e do seu caráter místico. A devoção à Nossa
Senhora do Rosário, santa padroeira, se dá juntamente com os festejos do
Rosário providos pela Igreja Católica na primeira semana de outubro.
Maçambique entrando na Igreja |
Durante o ritual na Igreja católica há uma sobreposição de códigos religiosos: os de matriz africana (batida do tambor, espadas cruzadas à porta, maçaquaias, bandeira da padroeira) com a liturgia católica padronizada (cantos, comungação, etc.).
A turma de Geografia Cultural (UFRGS) pôde vivenciar dois dias (08 e 09/out) de Festa em celebração à Nossa Senhora do Rosário juntamente com os Maçambiqueiros.
Em torno de um mesmo objeto de devoção –
Nossa Senhora do Rosário – há diferentes modos de interpretação dos símbolos. A
comunidade católica tradicional, em geral, comparece somente as missas na
Igreja, enquanto os maçambiqueiros seguem em direção ao salão paroquial, onde
cantam, dançam, comem, bebem, comemorando mais uma Festa do Rosário.
A imagem da padroeira, a bandeira (e suas
fitas frutos de promessas) e as procissões tem grande significado para o grupo.
O deslocamento a pé, além de representar devoção e sacrifício (principalmente
das varas, duas fileiras, de dançantes que dançam com os pés descalços),
demarca territorial e simbolicamente o espaço do Grupo Maçambique. É um momento
único! Essa soma de atos como o cortejo, os foguetes, as danças, as maçaquaias,
as batidas do tambor, as roupas brancas dos dançantes, a chegada triunfante das
bandeiras, vão transformando os dias da comunidade maçambiqueira.
Os rituais de Maçambique representam uma
tradição performática de origem africana, oriunda de um contexto de luta e de
resistência, preservada e praticada por negros de origem rural e de classe
pobre ou média urbana. Estas cerimônias iniciaram-se quando a comunidade negra
ainda residia em Morro Alto, antes de uma pedreira ser ali instalada. Tramita,
atualmente, junto ao INCRA uma ação para o reconhecimento e demarcação das
terras de quilombolas da área de Morro Alto.
Para saber mais sobre o Maçambique de Osório consulte as teses do Prof. Iosvaldyr C. Bittencourt Junior e da Profª. Luciana Prass.
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